Cascata de Janja escancara desconexão do governo
Obra paisagística na Granja do Torto gera críticas e expõe prioridades questionáveis em meio à crise nacional
Por Yasmim Borges
Enquanto milhões de brasileiros enfrentam dificuldades com cortes no orçamento, falta d’água e promessas não cumpridas, o governo federal surpreende com uma nova “prioridade”: a exibição de uma cascata artificial na Granja do Torto, residência oficial usada por Lula e a primeira-dama Janja.
Nas redes sociais, Janja publicou imagens do espaço reformado, celebrando um “domingo energizado”, enquanto o país aguarda, sem resposta, o pacote de corte de gastos anunciado há meses. A justificativa oficial? A cascata serviria para “adequar o ambiente dos jabutis”. Especialistas, no entanto, apontam que jabutis são animais terrestres e não precisam de cascatas — o que transforma a obra em mais um símbolo do desperdício institucionalizado.
Coincidência ou não, a revelação do novo “recurso paisagístico” ocorreu no mesmo dia em que o STF autorizou o uso de símbolos religiosos em espaços públicos. Janja é conhecida por seguir a Umbanda, religião em que a cachoeira tem papel espiritual, o que alimenta especulações sobre o verdadeiro motivo da obra.
Enquanto isso, no Nordeste, populações seguem sem água. A alegoria é forte: entre jabutis, cascatas e energia positiva, o Brasil real continua à espera de soluções. E o governo? Ainda curtindo o fim de semana.