Congresso barra IOF e expõe desgaste de Lula no poder
Revogação do decreto revela isolamento político do presidente e gera insegurança no mercado sobre rumo fiscal do governo
Por: Ester Magalhães
A revogação do decreto que aumentava o IOF, aprovada por ampla maioria no Congresso, revelou mais que um impasse: escancarou o enfraquecimento da liderança política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e levantou preocupações sobre a condução da política econômica do governo.
Sem diálogo prévio com os parlamentares, Lula apostou em uma medida unilateral para elevar a arrecadação, sob o argumento de equilibrar as contas públicas. O resultado foi um revés histórico: pela primeira vez em mais de 30 anos, um decreto presidencial foi anulado pelo Legislativo. O gesto simboliza o desgaste do Executivo, que vem acumulando dificuldades para manter sua base coesa.
No mercado, o efeito foi imediato. O recuo na arrecadação estimada pressiona o arcabouço fiscal e levanta dúvidas sobre a capacidade do governo de honrar metas sem recorrer a aumentos de impostos. Juros futuros subiram, o dólar oscilou, e investidores reforçaram o alerta sobre a instabilidade institucional.
Ao cogitar recorrer ao STF, o governo sinaliza desconforto com o sistema de freios e contrapesos. Mais que uma derrota técnica, o episódio do IOF evidencia um presidente cada vez mais isolado e uma economia que exige confiança algo que, neste momento, falta.