Após ser barrado por oito anos pela Justiça, o ex-governador tenta lavar a própria ficha com ataques pessoais a Ibaneis Rocha

Parece que José Roberto Arruda acordou nostálgico. Talvez tenha sentido falta dos holofotes, ou quem sabe daquelas manchetes que ele mesmo produziu nos tempos da Operação Pandora, quando o “dinheiro voador” virou símbolo de um governo que escorregou na própria ganância. Agora, inelegível mais uma vez, o ex-governador decidiu desabafar nas redes sociais atacando o governador Ibaneis Rocha com ofensas dignas de pátio de escola: chamou o adversário de “feio por fora e por dentro”. Um nível de debate político que faz até o Twitter parecer um espaço de alta filosofia.

O que Arruda esquece, ou finge esquecer, é que o feio mesmo está na ficha suja que o acompanha desde os tempos em que Brasília apareceu no noticiário internacional pelos piores motivos. A Justiça o lembrou recentemente de seu passado, e ele voltou a ser impedido de disputar eleições até 2033. E qual a reação do “veterano da ética seletiva”? Atacar quem está no poder, na esperança de recuperar relevância pelo barulho.

É triste (e até cômico) ver um político que já teve a caneta na mão reduzir o debate público a insultos pessoais. Em vez de pedir desculpas ou refletir sobre o estrago que causou à imagem do DF, Arruda prefere distribuir ofensas como se ainda estivesse em campanha. Mas campanha de quê, exatamente? Da autopiedade?

Se existe algo “feio por dentro”, é a insistência em tentar reescrever a história com memes e provocações. Brasília merece líderes que olhem para frente, não fantasmas políticos tentando ressuscitar a própria carreira com posts raivosos.