Sem apoio político, presidente reage com plano de novos impostos e retaliações contra o Legislativo

Por Yasmim Borges 

A recente derrota do governo Lula na Câmara dos Deputados escancarou um cenário que o Planalto tenta disfarçar há meses: a base governista está desmoronando, e o presidente parece cada vez mais refém da própria incompetência política. Ao ver sua Medida Provisória, que pretendia substituir o aumento do IOF por novas alíquotas de outros tributos, ser retirada de pauta por 251 votos a 193, Lula reagiu da maneira mais previsível possível com ameaça. O recado dado em entrevista à Rádio Piatã FM, na Bahia, foi claro: se o Congresso não aprova, o povo paga a conta.

Em vez de buscar diálogo, o presidente partiu para o ataque, prometendo mirar o sistema financeiro, especialmente as fintechs, como forma de compensar a perda de arrecadação. O discurso de “fazer os ricos pagarem mais” soa bonito em palanque, mas esconde o verdadeiro objetivo: ampliar o controle do Estado sobre setores produtivos e, claro, garantir dinheiro fácil para bancar o gasto público sem freio. O que Lula chama de “justiça social” é, na prática, um novo pacote de impostos travestido de moralidade.

Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já deixou escapar o plano B: cortar emendas parlamentares. A medida, além de política, é uma tentativa de chantagem institucional. Cortar recursos que financiam obras e projetos em municípios significa punir diretamente a população, apenas porque o Congresso ousou contrariar o governo. A postura autoritária de quem quer governar por imposição, e não por convencimento, mostra um perigoso desprezo pela democracia.

O Supremo Tribunal Federal também entrou no jogo, com o ministro Cristiano Zanin indicado por Lula desengavetando uma ação sobre a desoneração da folha de pagamento. Coincidência ou não, a decisão pode ajudar o governo a recuperar os mesmos R$ 20 bilhões que perdeu com a derrota da MP. No Brasil, parece que quando o Executivo não consegue no voto, tenta resolver no tapetão judicial. A separação entre os poderes virou apenas um detalhe incômodo para quem está no poder.

A verdade é que o governo do PT não aprendeu nada com o passado. Entre discursos populistas e promessas vazias, Lula insiste em governar com base em ameaças, retaliações e narrativas de “ricos contra pobres”. Ao invés de incentivar o crescimento e reduzir o peso do Estado, prefere a velha receita de aumentar impostos e culpar os outros pela própria incapacidade de administrar. O resultado é o mesmo de sempre: menos investimento, mais inflação e um país que continua pagando caro pelos erros do Lula.

O Brasil precisa de responsabilidade, não de discursos inflamados. E se o presidente acha que pode resolver a crise econômica com mais carga tributária, talvez devesse lembrar que a paciência do contribuinte tem limite e a próxima eleição também.