Lula e a hipocrisia que expõe suas contradições
Após fala preconceituosa em Sorocaba, Lula recebe presidente da Nigéria e promete ajuda externa enquanto o Brasil enfrenta crise interna
Por Ester Magalhães e Yasmim Borges
A cada semana, Lula reafirma que sua marca registrada é a contradição. No dia 21 de agosto, em Sorocaba (SP), durante uma cerimônia oficial, o presidente resolveu ironizar uma publicação do Ministério do Desenvolvimento Agrário que trazia a foto de um homem negro sem dentes ao lado de uma mulher branca. Em tom debochado, perguntou:
“Por que você colocou essa fotografia desse senhor negro sem dente? Você acha isso bonito? Isso é fotografia para representar o Brasil no exterior? Um cara sem dente e AINDA negro”.
A fala, além de preconceituosa, gerou indignação e deixou evidente o abismo entre o discurso que Lula vende e a prática que exerce.
Quatro dias depois, nesta segunda-feira (25), a polêmica ainda repercutia quando o petista recebeu em Brasília o presidente da Nigéria, Bola Tinubu. A agenda foi cheia: cerimônia de recepção, reunião restrita, assinatura de acordos e até um almoço oferecido no Itamaraty. Nos discursos, Lula falou em “laços históricos”, em “resgatar a aproximação com a África” e em ampliar intercâmbios de alimentos, tecnologia, defesa, audiovisual e energia. Ele chegou a afirmar que
“o Brasil tem noção, significa a nossa história, a nossa figura, o nosso jeito de ser e a nossa cor”.
Mas será que tudo isso não foi calculado para tentar apagar o estrago causado por suas próprias palavras? Lula fala bonito em frente às câmeras, mas a realidade mostra outra face: filas intermináveis no SUS, escolas sucateadas, inflação que esmaga o bolso do trabalhador, desemprego crescente e milhões de brasileiros sem comida no prato. Como pode prometer enviar tecnologia e alimentos à África enquanto aqui dentro o caos reina? Essa é a verdadeira improquêsia: a vitrine internacional de um país que não consegue resolver o básico para sua própria população.
Para piorar, o comércio com a Nigéria despencou: eram 10 bilhões de dólares em 2014 e restaram apenas 2 bilhões em 2024. Ainda assim, Lula finge protagonismo e exalta que esta é a terceira visita de Tinubu ao Brasil em menos de um ano, como se isso fosse prova de sucesso. Na prática, o que se vê é o fracasso de uma política externa usada como cortina de fumaça para esconder a incompetência interna.
Nós não somos a favor desse tipo de política de fachada. É preciso deixar claro: Lula coleciona polêmicas, gafes e contradições, mas continua no poder, zombando da paciência do povo brasileiro. Mesmo após prisão, escândalos e promessas não cumpridas, o país segue aceitando ser conduzido por um ex-presidiário que já mostrou inúmeras vezes que não está preparado para liderar.
Até quando o Brasil vai tolerar essa hipocrisia? Essa é a pergunta que precisa ecoar.