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Lula e Boulos | o Brasil precisa reviver o radicalismo para avançar?

Publicado em: 21/10/2025 15:00

A nomeação de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência reacende dúvidas sobre o rumo político do país e o retorno do velho populismo travestido de diálogo social

Por Yasmim Borges 

O anúncio da nomeação de Guilherme Boulos como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência parece mais uma jogada de poder do que um gesto de governabilidade. Lula, ao trazer para dentro do Planalto um dos rostos mais radicais da esquerda brasileira, reforça a imagem de um governo que prefere se cercar de aliados ideológicos em vez de ouvir quem pensa diferente. A pergunta que fica é: o Brasil precisa mesmo voltar a esse modelo de política baseada em militância, confronto e discursos inflamados?

Boulos não é um nome qualquer. É um símbolo do ativismo de rua, das invasões de propriedades e da política do “nós contra eles” que tanto dividiu o país no passado. Lula sabe disso, e justamente por isso o escolhe. Quer reanimar sua base mais fiel, resgatar o lulismo raiz e se reconectar com o eleitorado que se identifica com as bandeiras sociais, mesmo que o custo seja reacender velhas feridas ideológicas.

Mas será que essa estratégia funciona num Brasil cansado de extremos? O país enfrenta inflação alta, serviços públicos em colapso e uma crise fiscal crescente. Enquanto isso, o governo insiste em multiplicar ministérios e cargos políticos, transformando o Estado em um abrigo para militantes e não em um instrumento de resultados. É o velho populismo travestido de inclusão.

Quando Lula fala em “diálogo com movimentos sociais”, muitos veem apenas uma cortina de fumaça para o aparelhamento político. O novo ministério de Boulos vem acompanhado de bilhões em programas habitacionais e benefícios que soam mais como ferramenta eleitoral do que como política pública. É o ciclo do assistencialismo: dar o mínimo para garantir fidelidade e usar a necessidade do povo como moeda política.

O grande risco é o Brasil voltar a um modelo de governo guiado por discursos e não por resultados. Boulos, que já defendeu regimes autoritários como o da Venezuela, representa tudo o que o país tenta superar: o radicalismo que desrespeita leis em nome de uma ideologia. Lula parece não ter aprendido nada com a história recente. O problema é que, mais uma vez, quem pagará a conta é o povo que acreditou em mudança e recebeu mais do mesmo.

O país precisa de líderes que unam, não que dividam. De gestores que enfrentem a realidade, não de ideólogos que a negam. O retorno de Boulos ao centro do poder é um aviso: o lulismo não pretende mudar, apenas se reinventar para sobreviver. A dúvida é se o Brasil resistirá a mais um ciclo de promessas, gastos e discursos vazios.

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