Quando o riso vira crime e o roubo vira silêncio
Humoristas são punidos por palavras enquanto bilionários rombos nos cofres públicos seguem impunes
Por: Ester Magalhães
Vivemos um tempo em que o humor virou alvo. Piadas que antes faziam parte do cotidiano agora são tratadas como ameaças, e humoristas, outrora celebrados, enfrentam cancelamentos, processos e censura velada. Quando o riso é silenciado, a sociedade perde muito mais do que a graça. Perde liberdade.
O caso mais emblemático é o do humorista Léo Lins, conhecido por seu estilo ácido e politicamente incorreto. Ele foi condenado a mais de oito anos de prisão por piadas feitas em shows, sem qualquer incitação à violência ou crime real. Trata-se de uma decisão que acende o alerta sobre os limites da liberdade de expressão e o avanço do autoritarismo sob o pretexto de proteger sensibilidades.
O humor sempre foi uma ferramenta de crítica e reflexão. Ao fazer rir, também faz pensar. Mas numa sociedade em que tudo ofende, até o riso virou transgressão. Essa patrulha ideológica, disfarçada de moralismo, impõe uma autocensura sufocante. Não se pode mais brincar com nada, sob o risco de ser tachado de criminoso.
Defender o direito de rir, mesmo que incomode, é garantir o direito de pensar livremente. Quando até o humor precisa de permissão, já não vivemos numa sociedade livre, apenas em silêncio.